sexta-feira, 17 de abril de 2009

A CONFISSÃO DE FÉ DE ANA

Leitura:1 Samuel 2.1-11. 1 Então, orou Ana e disse: O meu coração se regozija no SENHOR, a minha força está exaltada no SENHOR; a minha boca se ri dos meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação. 2 Não há santo como o SENHOR; porque não há outro além de ti; e Rocha não há, nenhuma, como o nosso Deus. 3 Não multipliqueis palavras de orgulho, nem saiam coisas arrogantes da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da sabedoria e pesa todos os feitos na balança. 4 O arco dos fortes é quebrado, porém os débeis, cingidos de força. 5 Os que antes eram fartos hoje se alugam por pão, mas os que andavam famintos não sofrem mais fome; até a estéril tem sete filhos, e a que tinha muitos filhos perde o vigor. 6 O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir. 7 O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta. 8 Levanta o pobre do pó e, desde o monturo, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo. 9 Ele guarda os pés dos seus santos, porém os perversos emudecem nas trevas da morte; porque o homem não prevalece pela força. 10 Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido. 11 Então, Elcana foi-se a Ramá, a sua casa; porém o menino ficou servindo ao SENHOR, perante o sacerdote Eli.


A CONFISSÃO DE FÉ DE ANA


Introdução: Entre as chamadas “Confissões de Fé” do AT, está a tephilá de Ana (um cântico em forma de oração). Nesse cântico, Ana revela uma fé muito consistente e uma teologia firme. O que demonstra que, mesmo nos dias mais recentes da história de Israel, a fé javista já havia ancorado o intelecto e o coração; ainda que de uns poucos. A oração de Ana revela traços de uma crença fundada na Torá. Ela revela a expectativa de uma monarquia teocrática com vislumbre de messianismo embrionário (cf., 10b); senão vejamos:


I. Uma fé soteriológica – vv.1: “porquanto me alegro na tua salvação”. Embora a soteriologia de Ana não chegue a ser totalmente desenvolvida, pois trata do livramento do vexame inconveniente da esterilidade concepcional, contudo, não se pode fechar a questão em torno somente do problema físico ou temporal. Pode ser que a alma de Ana tivesse aspirações bem mais elevadas do que a solução do problema sócio-cultural enfrentado em sua casa. Verdade é que muito cedo, brotou uma fé incipiente que apontava para uma esperança além do túmulo (conf., Jó 19.26-27; Ec 12.5; 2Sa 23.5, etc.).


II. A santidade de Yhwh e a unidade de Deus – vv.2: Incrustado no coração da Torá está à idéia consistente da “santidade” com um livro totalmente dedicado ao tema (Levítico). Há aí 73 referências diretas à santidade e mais dezenas de referências indiretas. Temos aí incluso o “código de santidade” (caps. 17-26). Na massorá finalis do livro temos como referência 15.7. Poderíamos dizer que o verso central do código de santidade é 19.2, mas já vemos isso pré-anunciado em 11.44,45. Sobre a unidade de Deus vemos que Ana apreendeu a imorredoura lição do Shemá (Dt 6.4). Temos aí asseverado o monolatrismo bíblico veterotestamentário e o embrião do monoteísmo ético tardio pós-exílico.


III. A sabedoria e justiça divinas – vv.3-5: A experiência de Ana, a qual foi atendida pelo Senhor, é cantada de forma a expressar a vivência prática da justiça divina e da Sua infinita sabedoria. A palavra sabedoria aparece no plural e a expressão completa, literalmente se traduziria: “Deus de sabedorias é o Senhor”; retratando a multiplicidade da sabedoria divina. Tais palavras encontram eco no NT nas palavras sábia de Paulo (conf., Rm 11.33).


IV. A soberania de Deus – vv.6-8: A visão de Yhwh como Soberano deve nortear a teocracia apresentada na Torá. A visão de Ana é ampla, e no melhor da poesia arcaica ela fala desempedidamente de uma fé centrada na soberania de Deus os versos por si só já falam. Essa teologia de Ana é recrudescida na experiência cantada pela igreja neotestamentária (conf., At 4.24-30; comp., 1Tm 6.15, etc.).


Concluindo: Ana arremata com um lembrete da justiça divina e de seu imparcial juízo e da impotência do ímpio diante de Deus. “Os pés de seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela sua força”.

Um comentário:

Danilo disse...

Ola irmão Marcelo!
Bom ter mais um reformado na blogoesfera cristã.
No meu blog tem um texto do REv. Antonio C. Costa ótimo tembem sobre o tema.

Aproveito a oportunidade para apresentar o Genizah: Um blog cristão diferente que oferece ótimo conteúdo protestante, muito humor e bom combate às heresias e ao sincretismo que vem solapando a igreja evangélica.

Vamos nos seguir. Te vejo por lá!

A Paz e o Bem!

Abraços,

Danilo Fernandes

http://www.genizahvirtual.com/