terça-feira, 25 de novembro de 2008

A TERRA ESTÁ AGONIZANDO?

Ressonância Schumann

Alguma vez tiveram aquela sensação de que o tempo passou a correr? Claro que sim! Todos já o experimentamos. Ainda há pouco estávamos no Carnaval. Ontem foi Páscoa e já caminhamos para as férias de Verão e em breve, Natal. Este sentimento é ilusório ou tem base real?
Um físico alemão, de nome Winfried Otto Schumann, calculou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo possui uma ressonância, mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo. Segundo Schumann, esta ressonância funciona como uma espécie de "marca-passo", responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum a todas as formas de vida. Esta passou a ser conhecida como a "Ressonância Schumann", em homenagem ao físico alemão.
Vários estudos mais tarde confirmaram que todos os vertebrados, bem como o nosso cérebro, são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz. Empiricamente fez-se a constatação de que possivelmente poderíamos não ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Foram feitos vários testes com os astronautas, que em razão das viagens espaciais, saiam fora da ressonância Schumann, e foram registados os seus desiquilíbrios. Quando regressados aos valores da biosfera terrestre, aparentemente recuperavam o seu balanço e registos naturais. Desde então várias estações em todo o mundo têm vindo a recolher dados sobre as variações da ressonância de Schumann.
Mas para podermos perceber melhor esta teoria da ressonância e do equilíbrio da biosfera, temos de ter noção de outra teoria denominada de "Teoria de Gaia", que defende que o planeta Terra é um ser vivo. A hipótese, apresentada em 1969 pelo investigador britânico James E. Lovelock, postula que a biosfera do planeta é capaz de gerar, manter e regular as suas próprias condições de meio-ambiente. Apesar de vista inicialmente com descrédito pela comunidade científica internacional, e apenas aceita por grupos ecológistas, místicos e alguns pesquisadores; com o fenômeno do aquecimento global e a crise climática no mundo, a hipótese tem vindo a ganhar credibilidade entre os cientistas.
E foi já na década de 90, através dos trabalhos sobre a Ionosfera dos cientistas Sentman e Fraser, que se passou a relacionar as duas teorias. Ao longo dos anos as "batidas do coração" da Terra registavam uma frequência de pulsações constante e a vida aparentemente se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Acontece que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada na década seguinte, a frequência tem vindo a subir gradualmente de 7,83 para 11 e para 13 hertz.
Coincidentemente, vários desequilíbrios ecológicos têm vindo a se fazer sentir: desde o aquecimento global a perturbações climáticas de vária ordem, maior actividade dos vulcões e movimento das placas tectónicas. Também a nível social temos registrado alterações, com o acentuar de um crescimento gradual de tensões e conflitos no mundo, bem como um aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros.
Alguns partidários da "Teoria de Schumann" e da "Teoria de Gaia" concluem que, devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas (os cálculos são complexos e confusos para mim, pelo que deixo apenas o resultado final). Em consequência defendem que a percepção de que tudo está passando muito rápido não é, de facto, ilusória, mas terá base real nesse transtorno da ressonância Schumann.
No meio disto tudo, concluem ainda que a Terra, esse superorganismo vivo que é o nosso planeta, está em busca da recuperação do seu equilíbrio natural, como aparentemente o faz há milhões de anos. O problema é que essa auto-regulação (que alguns defendem já estar a atingir picos de não retorno - leia-se o excelente livro "O Sétimo Selo" de José Rodrigues dos Santos), poderá ter um preço incalculável para a nossa actual biosfera e consequentemente para todas as criaturas vivas do planeta, em particular os seres humanos.
Não querendo aqui abrir espaço para grupos esotéricos e/ou futuristas de cenários catastróficos do fim dos dias, não deixancontudo, de ser importante revermos a nossa posição enquanto espécie neste planeta, tendo sempre em mente que somos mero hóspedes e que se dermos cabo da nossa casa, não teremos outra para viver.

sábado, 22 de novembro de 2008

APASCENTANDO OVELHAS OU ENTRETENDO BODES?

Pr. Charles Haddon Spurgeon
Tradução: Walter Andrade Campelo

Um mal está no declarado campo do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal, mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até que toda a massa levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.
Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas.
Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para as pessoas não está dito em parte nenhuma das Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido.
Então novamente, "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia no que diz respeito a eles. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque o rejeitaram? Em concerto musical não há lista de mártires.
Além disto, prover divertimento está em direto antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir. Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma tremenda seriedade.
Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular quando O abandonaram por causa da natureza inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós teremos um estilo diferente de culto amanhã, um pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma." Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los.
Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma.
Após Pedro e João terem sido presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que através de um uso inteligente e perspicaz de inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo, não tiveram tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença! Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos.
Finalmente, a missão de entretenimento falha em realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre os novos convertidos. Permita que os negligentes e escarnecedores, que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado para quem o entretenimento dramático foi um elo no processo de conversão, se levante! Ninguém irá responder. A missão de entretenimento não produz convertidos. A necessidade imediata para o ministério dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra como os frutos da raiz. A necessidade é de doutrina bíblica, de tal forma entendida e sentida, que coloque os homens em fogo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

SERIA DEUS CULPADO?

SERIA DEUS O CULPADO?
Se as mazelas do mundo fossem a vontade divina, Deus teria muito do que se explicar.
“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos 8.28).
“Se Deus existe, ele terá muito do que se explicar”. Esta foi a resposta que o ator Robert DeNiro deu à pergunta “Se o céu existe e você chegasse lá, o que você gostaria de ouvir de Deus?”, feita pelo apresentador que o estava entrevistando num programa da TV americana. DeNiro parece não conseguir lidar bem com a questão do sofrimento e para ele (sua afirmação o sugere), Deus é o culpado.
Antes de repreender o ator por seu ateísmo e descrença no amor de Deus, veja o que escreveu o consagrado pastor batista americano Rick Warren, em seu livro “Uma vida com propósitos”, editado no Brasil pela Editora Vida:
“Deus determinou cada pequeno detalhe de nosso corpo. Ele deliberadamente escolheu sua raça, a cor de sua pele, seu cabelo e todas as outras características. Ele fez seu corpo sob medida, exatamente do jeito que queria” (página 22).
Se isso é verdade, então Deus é o culpado por todo o mal congênito de que sofra qualquer ser humano. E não só pelos hereditários, mas pelos provocados por fatores impostos pelas circunstâncias, uma vez que o autor afirma: “O propósito de Deus levou em conta o erro humano e até mesmo o pecado” (página 23).
Na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Estado da Bahia, uma empresa foi acionada por ter contaminado a água da região com mercúrio, causando mortes e o nascimento de crianças com sérios problemas e anomalias, condenando-as a sofrimento atroz para o resto de suas vidas. E o que dizer às crianças que nascem soropositivos? Se o pastor americano está certo, isso foi vontade de Deus. Ele é o culpado.
“Uma vez que Deus o fez por um motivo, ele também decidiu o momento de seu nascimento e seu tempo de vida (...) escolhendo o momento exato de seu nascimento e de sua morte” (página 22).
Se isso é assim, não fazem sentido versículos como: “Mas tu, ó Deus, farás descer à cova da destruição aqueles assassinos e traidores, os quais não viverão a metade dos seus dias” (Salmo 55.23); ou: “O temor do Senhor prolonga a vida, mas a vida do ímpio será abreviada” (Provérbios 10.27); ou ainda: “Não seja demasiadamente ímpio e não seja tolo; por que morrer antes do tempo?” (Eclesiastes 7.17); ou mais: “Orem para que a fuga de vocês não aconteça no inverno nem no sábado” (Mateus 24.20). Ou situações como a descrita em Atos 27, em que Paulo profetiza um desastre para a viagem, com prejuízo para a vida dos embarcados (versículo 10), não sendo, porém, ouvido; contudo, após 14 dias de oração, recebe de Deus a confirmação de que não somente seria salvo, como, por graça, recebera a vida de todos os que com ele navegavam (versículo 24).
“Ele planejou os dias de sua vida antecipadamente” (página 22).
A quem este tipo de informação inclui? Porventura, inclui as crianças que estão sob toda sorte de abuso? Ou as mulheres que sofrem toda espécie de aviltamento? Ou os seres humanos que estão sob todo tipo de tortura? Ou os que estão entre os despossuídos, carecendo de um mínimo de dignidade? Então, Deus é o culpado?
“Deus também programou onde você nasceria e onde viveria para o propósito dele”.
É isso que devemos dizer aos que vivem em submoradias, aos que não conseguem ir ao trabalho, qualquer que seja ele, por que moram em regiões onde, por causa da guerra, onde eram apenas vítimas, há minas explosivas espalhadas por toda parte? Também, há os que são obrigados a ver seus filhos expostos a esgoto aberto. Tudo isso, então, é para o propósito de Deus?
Há coisas que são fáceis de dizer quando o público é composto das classes média e rica. Estes, porém, constituem a minoria no mundo. Minoria dominante; porém, o menor grupo da humanidade. A maioria da humanidade padece de pobreza, enfermidade e ignorância. Se tudo isso é a vontade de Deus, o ator de Hollywood está certo. Se Rick Warren, nessa questão, está certo, Robert DeNiro está também.
Nosso irmão, ainda que bem intencionado e de ter em seu texto ótimos conselhos, parece não ter levado em conta a questão de que a queda humana alterou a lógica da Criação, com conseqüências cósmicas e microcósmicas, daí todas as mazelas em todas as dimensões. É verdade que a relação entre a soberania divina e a responsabilidade humana é uma grande incógnita para todos; porém, não é com simplismos, tais como “Deus não sabe o futuro” ou “Deus tudo determinou”, que vamos chegar à solução dessa equação. Precisamos da coragem para afirmar que Deus é soberano e o ser humano é responsável, ainda que não o compreendamos por completo.
Quanto ao cumprimento dos propósitos divinos, temos a afirmação de que, em relação a seus filhos, “sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (Romanos 8.28). Quanto às demais questões, “Deus estabeleceu tempos e datas pela sua própria autoridade” (Atos 1.7).
Ariovaldo Ramos é filósofo e teólogo, além de diretor acadêmico da Faculdade Latino-americana de Teologia Integral, missionário da Sepal e presidente da Visão Mundial. É membro da equipe editorial da Edições Vida Nova.